O dinheiro e o significado da vida

“Nascemos sem trazer nada, morreremos sem levar nada. E, no meio do caminho, brigamos por aquilo que não trouxemos e não levaremos” (autor desconhecido)

O grande desafio de conquistar a qualidade de vida está no planejamento e no trabalho com muito equilíbrio. Como já dizia o poeta Drummond:

— Arrume a sua casa todos os dias… mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo para viver nela.

Da mesma forma, cuide de seu dinheiro todos os dias, mas reserve tempo para usufruir dele.

Um dos grandes aprendizados sobre o dinheiro foi na fase em que atuei como bancário.  Na época, tive a oportunidade de conhecer e me relacionar com muitas pessoas, famílias e empresas. Como bancário nas diversas agências que trabalhei, vivendo o dia a dia, tive a oportunidade de observar o comportamento dos clientes e a sua relação com o dinheiro. Nesse momento não tive dúvidas, um dia ainda iria trabalhar para ajudar as famílias a organizarem e a planejarem suas vidas financeiras. Foi quando passei a observar e a estudar, até hoje, o comportamento das pessoas e sua relação com o dinheiro, pois sempre havia a seguinte dúvida:

— Por que tanta gente no Brasil, mesmo tendo uma boa renda, vive eternamente no pendura, endividado ou sem nenhuma reserva financeira, enquanto outras poucas famílias, com uma receita menor, têm uma situação familiar e de renda tranquilas e com reservas financeiras?

Cheguei à conclusão de que a diferença entre uma e outra está exatamente na forma como cada uma lida com o dinheiro.

A falta de capacidade de gestão apropriada do dinheiro é o maior causador de insônia, disfunções sexuais e, possivelmente, uma das maiores fontes geradoras de angústia do ser humano, o que o impede de aproveitar plenamente as experiências da vida. Mas tenho uma boa notícia: todos podem aprender a administrar melhor suas finanças!

Gloria Maria Pereira, autora do livro “Energia do Dinheiro”, afirma:

— Mais do que saber ganhar, o importante é saber administrar, multiplicar e usufruir do dinheiro.

A autora complementa ainda:

— Dinheiro só serve para os vivos.

Ter dinheiro e saber lidar com ele são situações bem diferentes. Na realidade, observo que praticamente todos os endividados que conheço dizem que a solução para seus problemas é ganhar mais dinheiro. Se ganhassem na loteria ou recebessem uma herança milionária, todos os seus problemas estariam resolvidos. O fato é que grande parte das pessoas que ganham qualquer quantidade de dinheiro de forma inesperada — uma loteria, uma herança ou um presente — gastam todo o valor num período curto de tempo, na média, em até cinco anos. Outro dado preocupante: um ano após a entrega do prêmio, 95% dos sortudos se apresentam numa situação financeira bem pior do que antes de ganharem a sua recompensa.

Em função dessa realidade, nos Estados Unidos, desde o ano de 1995, a lei de pagamento de loterias mudou. Agora elas são pagas de forma parcelada e o ganhador recebe orientação financeira profissional.

Mas precisamos de quanto dinheiro para ser feliz? Para responder essa pergunta vamos observar o estudo elaborado pelo psicólogo norte-americano Abraham Maslow. Ele diz que depois de atendidas as necessidades básicas de sobrevivência humana, a quantia de dinheiro vai perdendo sua influência para nossa felicidade. Isso pode ser observado na Pirâmide com a criação de cinco categorias de necessidades humanas, são elas: fisiológicas, segurança, afeto, estima e autorrealização.

Reforço aqui que viver com pouco dinheiro e ser feliz é possível, sim! Acabei de ler o livro “Rico sem Dinheiro – a arte de desfrutar o melhor da vida”, escrito pelo jornalista alemão Alexander Von Schonburg. Ele domina bem o assunto, pois descende de uma família nobre que ao longo de sua história, soube superar inúmeras crises financeiras. Sem emprego, depois de ter sido mandado embora de uma das mais respeitáveis empresas de mídia da Alemanha, ele escreveu o livro em que afirma:

— O dinheiro atrapalha a felicidade. A grande maioria das coisas que nos são enaltecidas como “luxuosas” são de gosto bastante duvidoso e incômodas. Quem precisa de trufas, se existe pão fresco com manteiga e sal?

Acredito que um das maiores questões que afetam a nossa forma de lidar com o dinheiro, está no fato de passamos a vida toda tentando aprender a ganhá-lo e de que ele traz a felicidade. Buscamos cursos, livros, milhares de técnicas sobre como conquistar bens, pessoas, benefícios, vantagens. Sobre a arte de ganhar existem muitas lições, mas e sobre o dom de perder? Ninguém quer falar a respeito disso, mas a verdade é que passamos por muito sofrimento quando perdemos bens, pessoas e sonhos, ou seja, não aprendemos a perder. E passamos pela vida tendo muitas perdas, como o amor da nossa vida, o trabalho que sustentava nossa família, um pai, uma mãe… Sim, a vida também é feita de perdas. Saber perder é a arte de quem conseguiu viver plenamente o que ganhou um dia.

Outra a realidade que assombra a todos, mas que não podemos fugir e devemos nos preparar é a de que vamos morrer um dia. Pensar na morte é algo que gera medo e insegurança. Sem dúvidas, é um assunto difícil, mas que é tratado com muita naturalidade pela Dra. Ana Claudia Quintana Arantes, dona de um conhecimento profundo sobre o assunto, adquirido através do seu trabalho com Cuidados Paliativos e Tarapia da Dor no Hospital Albert Einstein, em São Paulo/SP.  Ela é autora de vários livros, entre eles, indicamos “A Morte é um Dia que Vale a Pena Viver”.

Um ditado antigo afirma que, quando somos jovens, temos tempo e vontade, mas não temos dinheiro. Quando nos tornamos adultos, temos dinheiro e vontade, mas não temos mais tempo. Quando envelhecemos, temos mais tempo e dinheiro, mas aí já não há mais vontade.

No entanto, precisamos aprender o grande significado do dinheiro. Ele funciona como uma energia e, sem dúvida, representa a principal força-motriz da vida humana. Nossas relações com a natureza, a saúde e as doenças, a educação, a arte, a justiça social são cada vez mais influenciadas pelo fator dinheiro, porém, saber administrá-lo, é fundamental para se atingir o equilíbrio.

Finalizando quero trazer uma recomendação para que cuide bem dessa energia. Assim como   do seu bolso. Fuja das dívidas, aprenda para que os juros trabalhem para você e não o contrário. Estabeleça metas e faça reservas financeiras para conquistar uma melhor qualidade de vida. O importante é realizar tudo com muito equilíbrio para ter tempo e usufruir do seu dinheiro.

 

Zenar Eckert é Consultor Financeiro e Executivo da Plena Projetos de Vida

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